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A2 uma conversa-performance

A performance começa com a nossa presença marcada por estarmos a usar, cada um de nós uma camisa do Samuel, camisas iguais mas diferentes, porque uma é mais antiga e outra mais recente, e a percorrermos descalços, cuidadosamente, uma saliência no muro de pedra, negociando entre nós a nossa passagem: como criação de uma memória corpórea não superficial a partir da experiência real da superfície. A performance segue com partilha de leituras, sobre o corpo – a dois, com o desvendar ao público de objetos, matérias, e fotografias, em caixas e na carteira, e o desvendar de histórias que estão para lá do que vemos, ouvimos e pegamos. Estão para lá, e esse lugar outro, para lá do visível e palpável, pode também ser um lugar de ficção. Tudo se vai centrando e clarificando na questão da superfície (da fotografia, de um molde em gesso de uma joia antiga, da camisa usada sobre um corpo, da pele dos pés sobre a pedra dos muros, das diferentes capas de dois livros iguais de edições diferentes, de écran, colocando protetor solar écran total um na cara do outro, criando camada sobre a face) e de aparência (no sentido em que nos fala Susan Sontag, como aquilo que podemos conhecer) numa conversa a partir da possibilidade de intimidade de dois amigos, que partilham roupa, livros, afetos e ideias, mesmo se, e apesar de, sabermos que só és íntimo de ti mesmo como diria Virginia Wolf. E inesperadamente: um pequeno acidente. Pego na garrafa de um litro e meio de água, gesto previsível numa conversa com leituras de textos neste fim de tarde de verão, bebo pelo gargalo, e da garrafa, a água escorre da minha boca, pelo meu corpo, até ao chão, até não ter mais nada dentro de si.
2013, Rita Castro Neves e Samuel Guimarães, A2 uma conversa-performance, A2 Reflexões e produções (em modo de conversa), um projeto André Alves & Juan Luis Toboso, Casa Museu Guerra Junqueiro, Porto.

Rita Castro Neves

Rita Castro Neves, vive e trabalha entre o Porto e a Beira Alta. Após terminar o Curso Avançado de Fotografia do Ar.Co e o Master in Fine Art da Slade School of Fine Art de Londres, expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro, em espaços estabelecidos como em locais ditos não convencionais. Partindo de uma formação e visão fotográficas, tem desenvolvido projetos artísticos com suportes diversificados: da fotografia à fabricação de objetos, passando pelo vídeo, a live art, a instalação, bem como projetos site-specific. Em 2015 inicia com o artista e arquitecto Daniel Moreira, um projeto colaborativo longo a propósito da representação da paisagem, em que refletem com o desenho, a fotografia e o vídeo, de forma instalada, sobre colaboração artística, diferentes técnicas e culturas artísticas, território, escala e percurso. Realizam diversas exposições individuais e coletivas, residências artísticas e curadorias. É docente e desenvolve projetos de curadoria. Iniciou e programou vários festivais e eventos de performance, incluindo o Amorph!98 em Helsínquia com Stig Baumgartner, o Dia E Vento no Teatro do Campo Alegre, no Porto, em 2001 com Cristina Grande o, Brrr com o Teatro Nacional São João/ Teatro Carlos Alberto/ Porto 2001 Capital Europeia da Cultura, festival internacional com duas edições, em 2001 e 2003, de 2006 a 2012 o festival anual de Artes Performativas Trama com a Fundação de Serralves, em 2012 o Sintoma nº 0 na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e em 2013 o Sintomas e Efeitos Secundários em colaboração com o Instituto de Investigação da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto(InEd), numa co-curadoria com Fátima Lambert e Rita Xavier Monteiro. Enquanto docente na Faculdade de Belas Artes do Porto da Universidade do Porto criou e dirigiu a primeira Pós Graduação em Performance, em Portugal (2016-17). Criou em 2012 e coordenou até ao final, em 2020, o grupo Sintoma. Performance. Investigação. Experimentação, organizando inúmeras oficinas, conferências, artist talks, encontros, apresentações públicas e eventos de performance nacionais e internacionais. De 2005 a 2008 foi Coordenadora Pedagógica do Instituto Português de Fotografia, no Porto. Com Daniel Moreira, em 2020 termina o projeto de recuperação da Escola de Macieira, uma antiga escola primária do Plano dos Centenários na Serra de São Macário, na Beira Alta, para aí iniciarem um projeto de residências artísticas de reflexão sobre cultura serrana, a natureza e o rural, e logo sobre ecologia, a biopolítica e a preservação ambiental. (www.ritacastroneves.com)

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