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Solistas

1. Conceito
O singular no grupo. Relação grupo-singular
A diferenciação a distanciação
O sozinho, a solidão, a felicidade
A incomunicabilidade, a coexistência
O quase igual, a variação, a orquestração em diferença
O paradoxo do plural solista (S)

 

2. Os materiais
O insuflável
A cor e o neutro, o minimal
O branco, chão, e o vermelho (cadeiras e saias)
As rodas, a deslocação

3. Ideias e estrutura
Ainda em hipótese é feito um cruzamento de material produzido já coreograficamente e de estados.
O ambiente minimal, mas com cor que deverá dar um valor à cena em causa

4. Um pequeno texto
O isolar elementos ou indivíduos não significa o isolamento. A composição nos seus mais diversos princípios que o diga. Por outro lado, um corpo só não é um só corpo. Assim as pequenas danças que iremos encontrar são como a tinta que permite ler as impressões digitais. O ambiente acústico e visual é construído como uma máquina de produzir novos cenários para um mesmo corpo. Há sempre ali tantas histórias…

Ocorre-me que solista pode ser o elogio ou a celebração do singular e do particular. Entre algo mais nietzschiano - danço os meus próprios gestos-, e algo mais construtivista - os teus gestos são material-ideia para os meus gestos-, os solistas vão-se descobrindo e afirmando. Assim, a dança faz o laço ideal entre o solista por função e o solista por inevitabilidade.
O espetáculo, como aliás em outros, não se oferece a uma narração de situações ou de inter-pessoalidades. Mas o potencial narrativo está lá. Muito se pode contar quando se vê um corpo em movimento. É um prodígio. Trata-se de uma condição da qual tento tirar proveito. Agrada-me pensar num indivíduo que aparece ou desaparece à medida do seu movimento e do seu número. O grupo e o solo vão sendo explorados ao longo do espetáculo sem uma causalidade necessária entre ambos e entre a sucessão de momentos. O único objeto importante de ligação é o insuflável. Salvação, invólucro, leveza ou proteção é o elemento ar que lhe está implicado que torna o insuflável, mais que uma metáfora, uma promessa para um solista nascente.

Número, condição, situação, épico, paradoxo e metáfora

            1ª HIPÓTESE  DE ALINHAMENTO

        ACÇÕES                    ESTADO/AMBIENTE


Imagem 1                                Feliz
        O Nuno só no meio do palco- uma música
Imagem 2                                Angústia
        Passagem de E (frase por acumulação)
Imagem 3                                Entretido
        Solo J
Imagem 4                                Jocosa
        Solo S
Imagem 5                                Surreal
        Passagem JM+G (som ao vivo e gravado)
        Rodas
Imagem 6                                Sério
        Solo P
Imagem 7                                Alienada
        Solo E
Imagem 8                                Surreal
        Passagem JM+G (som ao vivo e gravado)
        Rodas
Imagem 9                                Festa            
        Grupo níveis e paralelas
Imagem 10                                Desenlace
        Passagem JM+G (som ao vivo deles e do N e gravado)
        Rodas
Imagem 11                                Novos solistas
        Solo I (enchimento do insuflável)+ N
Imagem 12                                Orquestra
        Solos em simultâneo N+E+I+J+P+S
Imagem 13                                Plástica
        Entradas e saídas
Imagem 14                                Invólucro
        Grande solo I (dentro E+J+P+S) + N fora
        Desenchimento do insuflável
Imagem 15                                Pós-End
        Instalação JM+G no átrio de saída
        Rodas

 

Legendas e notas
a) E – Elisabete; I – Insuflável; J – Jorge; N – Nuno; P – Pedro; S – Sónia; JM – Joana Melanda; G – Gustavo
b) Os tutus provavelmente entrariam nos solos ou ao contrário num dos grupos; ou numa passagem a criar
c) As cores das “imagens” têm valor de referência pessoal, não têm necessariamente de corresponder

2007, Né Barros, Solistas, Teatro Nacional S. João, Porto. Photo: Delfim Bessa.

Né Barros

Né Barros (Porto, 11 setembro 1963)  é coreógrafa e investigadora. Tem desenvolvido o seu trabalho artístico em conexão com seus estudos académicos e pesquisa, sendo investigadora no Instituto de Filosofia da Universidade do Porto no grupo de Estética, Política e Conhecimento. Iniciou sua formação em dança clássica e, posteriormente, trabalhou em dança contemporânea e composição coreográfica nos Estados Unidos (Smith College). Doutorada em Dança (Universidade de Lisboa) e mestre em Dance Studies (Laban Centre, Londres). Concluiu um Pós-Doutoramento no Instituto de Filosofia, no âmbito da estética e artes. Estudou Teatro (ESAP). Como coreógrafa, tem colaborado com diversos artistas plásticos, fotógrafos, músicos, encenadores, artistas multimédia, realizadores. Trabalhou com a Companhia Nacional de Bailado, com o Ballet Gulbenkian e com a Aura Dance Company (Lituânia). É autora dos livros Performances e Pós-Fenomenologia, Da Materialidade na Dança e Dança: corpo e casa, e editora de Performances no Contemporâneo, Deslocações da Intimidade, Artes Performativas: Novos Discursos, Das Imagens Familiares, Story Case print e Metamorfoses do Sentir. É codiretora das coleções Estética, Política e Arte e Máquinas de Guerra, publicadas pela FLUP. É professora na ESAP e convidada em diversas instituições. É cofundadora do Balleteatro e diretora artística do Family Film Project - Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória, Etnografia. (https://balleteatro.pt/artistas/ne-barros)

Copyright ArtPerformance.net - CC BY-NC-ND
 
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